sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Árvores do Alentejo












Horas mortas… Curvada aos pés do Monte
A planície é um brasido… e, torturadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a bênção duma fonte!

E quando, manhã alta, o sol posponte
A ouro a giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte!

Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!

Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
- Também ando a gritar, morta de sede,
Pedindo a Deus a minha gota d'água!
(1894-1930)

1 comentário:

  1. Foi com Florbela que aprendi a fazer Sonetos e com ela a "ter fome de infinito...".
    Mais tarde, com Natália Correia, fiquei a saber que "a Poesia é apra comer..." e nunca mais fiquei saciada!

    Obrigada José Rui por se/nos lembrar dela!!
    Beijos

    Maria Mamede

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